Você já parou para se perguntar por que tantas pessoas precisam ligar a televisão para dormir? Dentre as inúmeras possibilidades, gostaria de refletir sobre uma.
Talvez o maior desafio contemporâneo para nós, ocidentais, seja lidar com a nossa própria subjetividade. Estamos incessantemente evitando contatar nossos pensamentos e sentimentos e temos um arsenal tecnológico para isto. Celular, televisão, computador, fones, tablets etc. Como consequência, raramente agimos com curiosidade diante de nossos pensamentos e emoções. É como sugere aquele slogan de uma famosa marca de whisky: Keep Walking.
As formas de adoecimento que resultam dessa reatividade diante da nossa própria subjetividade são bastante discutidas nas abordagens contextuais, mas eu gostaria de destacar uma consequência social desta aceleração constante: se conectar com o outro tem sido cada vez mais difícil.
O encontro genuíno e profundo entre duas pessoas requer hesitação e contemplação. A escolha de aprofundar o relacionamento com alguém evoca frequentemente pensamentos e sentimentos dolorosos (o que ele está pensando sobre mim? Será que falei alguma bobagem? Será que pareço um idiota? Será que sou amada?), e exige de nós abertura, caso contrário as únicas respostas à dor da intimidade serão fugir e lutar.
“E a televisão com tudo isso?” A televisão é esse símbolo de um barulho constante que muitas vezes nos esquiva num momento de quietude onde ouvirmos os nossos próprios pensamentos, inclusive aqueles que comunicam algo sobre nossos relacionamentos. Deitar a cabeça no travesseiro e ficar em silêncio nunca foi tão difícil, a menos que a tv esteja ligada.